16/12/07

ENCONTREI UMA CABEÇA NA PRAÇA DE LONDRES

Ontem, na Praça de Londres quando andava às compras encontrei uma cabeça de homem. Qual não foi o meu espanto quando a cabeça me disse.
- Por acaso não viu o resto?
Estranhei a pergunta mas, mesmo assim, dei uma olhadela e nada. Olhei ainda o Guerra Junqueiro. O sacana ainda me levantou a bengala mas mais não disse. Agora já mais tranquilo pensei: que fazer com uma cabeça do homem? Leva-la à esquadra? Não! Pô-la no contentor? Não! Não viesse por ai o tal resto. Preocupado estava!
Mas uma cabeça assim... digamos... era de facto um achado fabuloso.
Levantei-a e disse-lhe:
-Que está a pensar fazer?
- Olhe, isso de facto agora é complicado sabe. O problema é este: Primeiro, vou-lhe pedir um favor. Tire-me aqui de cima da capot não vá cair daqui depois é que são elas! Agora se me desse um cigarro seria óptimo! Sabe, tinha-os no bolso. Agora de qualquer maneira estava a pensar ir para casa. Mas... está difícil estava a pensar se... a senhor não me ajudaria a lá chegar.
Mas como??
- Olhe, talvez a maneira mais rápida de o fazermos seja esta. Pegue-me pelos cabelos, depois com cuidado na orelha esquerda, de seguida abra o carro e coloque-me ali entre os bancos de trás e o da frente. Assim não rebolo.
Mas levar uma cabeça no meu carro?
- Desculpe! Mas aqui é que não posso ficar! Se não for a senhor será alguém a levar-me!
Bem...então...acha que ali entre os bancos não...
-Acho!
Então e onde mora? Conheço muito bem! Avançamos Lisboa fora claro, sempre devagar não fosse ela andar por ali aos trambolhões. Chegados ao bairro a coisa complicou-se não dava com a rua nem por nada, mesmo assim a cabeça tentava "gesticular." Já em estado de desespero páro o carro, ponho-a em cima do tabeliet então com um piscar de olhos lá percebo a direcção. Volto a Avançar e nada! Qual rua qual carapuça! De repente vejo um táxi e qual não é o meu espanto, Ainda era preto e tinha o capot verde, ainda existem coisas fabulosas! Num acto inesperado encontro a rua finalmente. Agora falta o nº45, e o 6º Esq., pronto cá esta! Saio do carro e digo-lhe que espere, fique, tenha paciência.
Toco no 6º Esq e nada. Volto a tocar. Então o trinco abriu-se subo, subo, subo e aterrado qual não é o meu espanto quando a porta se abriu.
Aparece o corpo de um homem que me diz: Onde é que eu ando com cabeça!
Quando começo a descer a escada oiço um Pum! Pum! Era a cabeça a tentar subir a escada. De repente passa-me o corpo a correr escada abaixo. Estranhamente vi-os a interligarem-se o corpo pegou-a com o braço e fê-la rodopiar sobre o pescoço. Ainda ouvi um clique.
Ao chegar ao carro vejo- o táxi preto claro com o capot verde. Fabuloso.

Sem comentários: