24/06/15

DIGAM-LHES

digam-lhes que somos um sonho e seguimos além estrelas lançando sementes.
que somos muitos e de muitas  formas e guardamos um antigo conhecimento, 
que imaginámos estes canteiros serpenteantes os lagos as casas e é na base onde agora nadamos voamos e sorrimos , se necessário for, digam-lhes que todos somos sonhos, 
digam-lhes que sonha mo-la e esculpi-mo-la assim, como ela é, Terra. A Terra Nova.
aos que se aproximam, esses, que aterrem onde têm que aterrar e penetrem  esvoaçando entre os velhos carvalhos e pousem nos lagos, saciem-se nas nascentes brancas, saboreiem a luz, 
os frutos e toquem os nenúfares, 
descrevam-lhes os cantos e recantos das nascentes porque é delas que brotam as mágicas serpentes da água
aos novos capitães das nuvens, eles e elas, esses ergam os mastros hasteiem as velas e soltem amarras e libertem-se, mas digam-lhes, digam-lhes que tudo são canais e que o todo é navegável. Os artistas que digam o que tem a dizer, os horticultores que expliquem o que só eles sabem,   os mágicos que lancem as bolas, os pianistas que toquem as variações de  Goldberg  porque elas são o que são, acordes, às vezes sonatas. As crianças que montem  os cavalos azuis e amarelos e que sigam o sol, ele que mergulhe no oceano porque é assim que quero. Se necessário for, cantemos o Sikelei outra e outra vez!
Abram-se as portas e janelas da grande casa porque hoje é domingo! O lago quero-o onde tem que estar, ao fundo, os peixes que saltem, mas só os vermelhos e amarelos, as lontras que emerjam e deixem de ser tímidas! As cores que se passeiem e conversem no terraço, se quiserem que cruzem as pernas, o gongo que toque e sirva o que tem que servir, os alimentos que se deixem comer, os zepelim que se ergam um a um porque deles tocamos o oceano.

20/05/10

Catedrais

Às Catedrais cheguei peregrino de tantos lugares, nelas vejo altares cantos e recantos, vitrais e abóbadas, nas portas, a sua luminosidade que me chama deste além tão translúcido de cúpulas azuis que me projecta nesta claridade transcendente deste ser, serem assim, nelas descobri as Deusas Guardiãs.

18/01/10

Beatriz Bonacalza- Chocolates- Odemira

Naquela aldeia havia aromas pontes e rios. Mas um dia de manhã muito cedo algo de muito invulgar aconteceu. Um doce aroma invadiu as casas penetrando nas mais pequenas frinchas de portas e janelas, era um aroma doce que poucos, muito poucos conheciam. Todos abriam janelas e questionavam-se que aroma seria e de onde viria? Uns diziam ser dos ventos do norte da África, outros, do Rio Mira, outros ainda, da maré. Uns saíram das casas mas todos procuravam a sua origem, todos. Houve quem subisse a montes, quem abrisse velhos frascos de muitas e muitas cores, outros, diziam ser o cheiro das mulheres. Mas o que poucos sabiam era que para os lados do rio havia uma antiga casa branca desabitada desde há muito. Casa de um cão muito velho que sonhava com coisas que os outros cães nunca sonham, chocolates. Nos seus doces sonhos conhecera Beatriz. Falaram de rios e campos e de tantas outras coisas que os dias passavam num ápice. Ele voltou a sonhar com a casa construída de chocolate mas Beatriz era de chocolate e ajudava-o a reconstrui-la. Mas teria de vender chocolates a todos os habitantes, às aves e a todas as nuvens. Mas Beatriz por mais que ele sonhasse não voltava, e ele, que sonhara tantas e tantas vezes, tantas. Procurou-a nas montanhas, nas praias, nas dunas e nas nuvens viu-a e chamou-a. E ela, ao descer, cumprimentava aves casas e pessoas. Ouviram-se palmas e tantas foram as janelas e portas e tantos a queriam cheirar, outra e outra vez, mas ninguém, ninguém sabia onde iria ela aterrar, ninguém. O autor deparou-se uma manhã, com a casa do cão voador reconstruída. Boquiaberto regressou para contar a todos o que acabara de ver. E viu, viu agora, que todos mas todos os habitantes da sua aldeia agora eram chocolate. Correu em busca de um espelho e quando se viu para seu total espanto, era o cão. Hoje Beatriz Bonacalza, abriu a Chocolates da Beatriz em Odemira. E eu gosto tanto mas tanto, que de presente de Natal dei duas caixas, uma foi à Petra.

17/01/10

GOSTO

Gosto de saber que caminhas nas florestas brancas e tropeças em rios azuis e neles ris e mergulhas e que depois, depois, me contes o que te contaram as árvores brancas e as outras. E gosto, gosto de saber-te assim caminhante e amante também de todos rios e dos todos risos e de te de sentir, e tantas tantas vezes voltar a sentir-te assim, assim como agora te sinto.

15/12/09

CARTA A UMA AMIGA DA TAMERA

Não, não me perguntes o que me dizem as montanhas as aves ou o mar, isso não porque tenho medo. Nem porque apoio este ou aquele, nem porque reconstruo ermidas, nem porque sinto e vejo tantas e tantas coisas.Nem as histórias dos livros que li, nem os poemas, nem os que rasguei, nem os abraços que não dei, nem as canções que cantei, nem os amores que naveguei, nem os oceanos, nem os golfinhos que abracei, nem as estrelas nem as luas, nem porque voam as mulheres, nem porque as chorei tantas e tantas vezes.Mas não, não me perguntes porque faço isto ou aquilo, nem porque muda a cor do mar, nem o que me disse aquela voz que ouvi no caminho, nem de quem era essa voz, nem que serenidade era aquela, nem porque ela me desmoronou até hoje.Nem porque é a Tamera um berço e um abraço tão grande e tão terno, nem porque muitas e muitas vezes vos sinto e me revejo nos livros que li ou nas nuvens em que naveguei e navego, ou nos poemas que escrevi ou nos que rasguei, mas tantas e tantas vezes tenho medo. Medo ser como sou, porque sabes, muitas e muitas vezes é tão difícil realizarmos as nossas visões e sonhos, e sermos, sermos só, só como somos lá no fundo do fundo.

16/11/09

Memória

Existem lugares e pessoas que por mais que o tempo passe, nunca, mas nunca, são esquecidos, porque muitos desses lugares também foram sonhos meus e teus, e porque esses lugares também são as pessoas, por mais longe que elas possam estar, e porque sabemos que ainda existem, e porque o tempo, por mais que passe, deixa esses lugares sempre dentro de nós. por muito tempo, por muitos anos que passem. porque voltamos sempre a lembrar muitas e muitas coisas desses lugares e dessas pessoas, e dos gestos, e das praias e das ondas, e das músicas, e de tantos e tantos sonhos em que fomos viajantes. E porque passaram por nós dias, horas, minutos, séculos, aviões, mares, e tantas e tantas outras coisas. E, acreditemos ou não, existem sempre, mas sempre, outros e outros sonhos, e outros mares, e outros sorrisos, e outros amantes, e outros caminhos, e porque, por mais que passem as horas, as ondas, os ventos, as aves as amantes e todo o resto. E porque é memória que nos diz. E porque existe sempre alguém. Alguém que nos lembra tantas e tantas coisas, e porque esse alguém é, e será sempre, mas sempre, um percurso, um sonho, o sorriso de um sonho. Um sonho de um menino e de uma menina que percorriam tantos e tantos caminhos e que gostaram tanto, tanto, que se perderam. E porque a memória vem de outras memórias, e porque esta memória ainda hoje tem cheiro e vento, e caminhos, e abraços, e sorrisos, e tantas, tantas outras coisas.

09/08/09

Amantes ao Luar

Dormem amantes neste imenso luar
umas vão, outras vêm.
Vão porque amam e vêm porque as amamos