15/12/09

CARTA A UMA AMIGA DA TAMERA

Não, não me perguntes o que me dizem as montanhas as aves ou o mar, isso não porque tenho medo. Nem porque apoio este ou aquele, nem porque reconstruo ermidas, nem porque sinto e vejo tantas e tantas coisas.Nem as histórias dos livros que li, nem os poemas, nem os que rasguei, nem os abraços que não dei, nem as canções que cantei, nem os amores que naveguei, nem os oceanos, nem os golfinhos que abracei, nem as estrelas nem as luas, nem porque voam as mulheres, nem porque as chorei tantas e tantas vezes.Mas não, não me perguntes porque faço isto ou aquilo, nem porque muda a cor do mar, nem o que me disse aquela voz que ouvi no caminho, nem de quem era essa voz, nem que serenidade era aquela, nem porque ela me desmoronou até hoje.Nem porque é a Tamera um berço e um abraço tão grande e tão terno, nem porque muitas e muitas vezes vos sinto e me revejo nos livros que li ou nas nuvens em que naveguei e navego, ou nos poemas que escrevi ou nos que rasguei, mas tantas e tantas vezes tenho medo. Medo ser como sou, porque sabes, muitas e muitas vezes é tão difícil realizarmos as nossas visões e sonhos, e sermos, sermos só, só como somos lá no fundo do fundo.

16/11/09

Memória

Existem lugares e pessoas que por mais que o tempo passe, nunca, mas nunca, são esquecidos, porque muitos desses lugares também foram sonhos meus e teus, e porque esses lugares também são as pessoas, por mais longe que elas possam estar, e porque sabemos que ainda existem, e porque o tempo, por mais que passe, deixa esses lugares sempre dentro de nós. por muito tempo, por muitos anos que passem. porque voltamos sempre a lembrar muitas e muitas coisas desses lugares e dessas pessoas, e dos gestos, e das praias e das ondas, e das músicas, e de tantos e tantos sonhos em que fomos viajantes. E porque passaram por nós dias, horas, minutos, séculos, aviões, mares, e tantas e tantas outras coisas. E, acreditemos ou não, existem sempre, mas sempre, outros e outros sonhos, e outros mares, e outros sorrisos, e outros amantes, e outros caminhos, e porque, por mais que passem as horas, as ondas, os ventos, as aves as amantes e todo o resto. E porque é memória que nos diz. E porque existe sempre alguém. Alguém que nos lembra tantas e tantas coisas, e porque esse alguém é, e será sempre, mas sempre, um percurso, um sonho, o sorriso de um sonho. Um sonho de um menino e de uma menina que percorriam tantos e tantos caminhos e que gostaram tanto, tanto, que se perderam. E porque a memória vem de outras memórias, e porque esta memória ainda hoje tem cheiro e vento, e caminhos, e abraços, e sorrisos, e tantas, tantas outras coisas.

09/08/09

Amantes ao Luar

Dormem amantes neste imenso luar
umas vão, outras vêm.
Vão porque amam e vêm porque as amamos

13/05/09

CÍRCULO DE PEDRAS

Diz-me porque se perdem os marinheiros na tua estonteante luminosidade. Diz-me que vozes são estas e porque me chamam assim. Fala.
Fala-me desta tempestade de sentimentos, de quem és, e de onde vens. Conta-me. Conta-me que música é esta e porque me tocas assim. Diz-me.
Diz-me de onde vêm os teus arco-íris e porque renascem assim. Diz-me.
Fala-me de ti, das tuas pedras, das tuas luas e dos teus ventos. Fala. Mas olha, Será o Schumann que me toca assim?

17/02/09

FALA

Conta-me porque estás assim,
o que foi? Conta.
Fala , fala.
Digo-te- digo-te que de facto chorei e ainda que senti medo.
Medo desta magnitude desconcertante que se apoderou de mim naquele caminho e digo-te que este sentimento foi enormíssimo e muito maior do que eu.
Falo-te ainda de uma luminosidade e de uma música que me acompanhava naquele caminho daquele Sol e campos. Talvez não o entendas, ou não não possas entender mas foram tantas e tantas as lágrimas vindas de um eu desconhecido, tantas. Mas olha, talvez um desabrochar de sensações desconhecidas e foram tantas.
Olha, conta-me mais, conta-me.
Falo-te da estranha sensação de sentir todos os meus poros a receberem e dar algo vindo de outro qualquer lugar e ainda que sei ser esta a verdade. Digo-te que naquele momento quis abraçar todas, todas as pessoas e seres.
Quem era não sei mas sei que por vezes sinto coisas assim. Foi tão intenso por isso te escrevo e tenho esta necessidade de te exorcizar
Mas olha, volta quando quiseres´vem.

12/02/09

É DO SOL QUE VOS CANTO

Traçaram planos dentro de cada um e olharam-se pela última vez. Ele como era seu hábito partiu ainda alvorada. Aliás como sempre. E foram tantas as partidas e chegadas e tantos os planos. Ele como sempre sonhara com destinos interiores desconhecidos que o chamavam nas noites quentes de verão. Nunca entendi aquela ânsia dos homens. Não sei se é por ser mulher mas talvez seja. Mas que desertam, desertam. Ainda cheguei a andar inquieta durante uns tempos. Mas que eles continuaram a traçar planos, continuam. São como crianças que constroem castelos sem fim nas areias das praias ou como as aranhas que tecem teias onde nos tentam amarrar aos poucos e poucos. Talvez sejamos nós, mulheres, um porto seguro ou um aeroporto onde os pressentimos aterrar ou levantar. Mas mesmo que me magoe gosto de ser porto e aeroporto porque é de mim que saem e é a nós que voltam. E voltam como foram, amando-me porque sei que os amo independentemente desta ânsia. Gosto de os ver nesta calma amaragem e olha-los, cheirá-los, tocá-los, senti-los, comê-los e saber que estes amores são os meu pássaros que voam. Só este amor é livre. E partam eles em noites de luas ou montados nos seus sonhos sei-os eternamente por perto. E cheguem quando chegarem sabem que sou um porto também de outos aviões que chegam e partem. Porque partem os aviões? Primeiro digo-te que eles nunca desertam. Digo-te ainda que mesmo neste céu e nestes voos só vos redescobrimos e nos descobrimos de novo e como sabes as distâncias não são necessariamente fugas. E quando pensamos que o são nunca mas nunca o são. E olha que conheço muitos aviões que passaram por mim e continuam a passar. E voltam aos portos e muitas vezes de onde sairam porque amam e vos amam. Vocês são um planeta. A Terra. E é desta terra que vós canto este amor doce e livre que canta, dança ri e baila como um rio que desagua neste amar tão sereno doce e real que é este céu. E tão verdadeiro como a Terra. Agora dancemos nesta nova onda com estes novos seres e vamos sê-los. E hoje rio de rir e danço porque vos canto. E ao Sol digo. Fica