07/12/08

CHEGOU COM AS ONDAS DOS DESERTOS E OS BARCOS DAS FLORESTAS

Chegou com as ondas dos desertos trazendo o sal dos doces, os barcos das florestas, os peixes dos desertos e o tai-chi de outros planetas.
Vinha presa em redes de rias e trazia um homem com cara de mar. Ao abrir-lhe a porta ainda vinha com neve nos cabelos, o Sol nas mãos e um olhar de quem comeu desertos e de quem dormiu em florestas habitadas por deuses desconhecidos.
Falou de lugares nunca vistos e de sons interiores que a perseguiam em noites passadas com os deuses transparentes. E de muitas outras cores.
Abriu a caixa que disse conter os sonhos dos sonhos e contou-me:
Os sonhos são a verdade são como as florestas portanto ouve-me bem:
Quando as árvores penetram as raízes na profundezas da terra só procuram achar a Solidez,
O alimento e a tranquilidade.
Mas olha, já reparaste que as florestas são um conjunto de muitas outras coisas? Coisas como; A solidez do amor e a paz é só alimento de muitas ideias. Ideias vindas só destas coisas que existem. Um dia se caminhares dentro de uma verás que ali também existe o doce e o sal. E todas as outras coisas que te falei. Mas olha, tudo mas tudo é uno. Mesmo aqueles que fogem das florestas voltam sempre. E sabes porque? Elas estão sempre perto de nós mesmo quando as destroem elas renascem. E olha sei o que te digo.
E sabes porquê? Sou árvore. Mas não mas fiques triste eu e muitas outras florestas juntámos-nos e construimos uma nova floresta. E sabes como a construimos? É complicado mas é possível e nós conseguimos. Fomos ao fundo do fundo e redescobrimos as coisas que tantos e tantos outros já não encontram. Como a liberdade, o equilíbrio, os sonhos, a tranquilidade e o amor. E olha que nas florestas construídas por nós também moram ideias. Umas boas outras menos. Imagina o que seriam as florestas sem as árvores que as habitam . Agora que já descobriste o porquê desta floresta ser tão livre e solta.
Agora sim, vamos sorrir nesta floresta onde se dança a salsa.
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05/12/08

O GOVERNO PRIVADO PORTUGUÊS ETC....E TAL

Querido Zé,
Tendo a tia Alzira deixado em testamento 238 acções da EDP, 43 da GALP, 762 da Drogaria Avelar, 484 da PT, 208 da Moagem Montez & Filhos lda, 13 do Milleniumm, 23 da Tasca do Ti Albertino. E até são poucas, pois a tia tinha mais. Bem mais! Mas sabes como são.... as primas.
Zé! Aqui que ninguém nos houve ainda havia mais um lote escondido e olha era daqueles que me deixou a pensar, e muito. Então não é que a tia me deixou na Caixa de Crédito Agrícola de Odemira mais 345 do PS, 295 do PSD, 43 do BE e ainda umas quantas do PP.
Mas olha,
Tendo a tia investido todas as suas parcas poupanças nestes activos políticos, e tendo ela total confiança no Prior Joaquim. Por sinal é representante de outros senhores, tal como tu.
Só te peço-te uma explicação é a seguinte: Com esta confusão toda das crises, bancos,enfim.... ando muito preocupado como deves imaginar. E sabes, a tia tinha tanto gosto nestes activos e claro, gostaria que a tia lá do céu me visse como um bom sobrinho.
Ora sendo tu quem és tenta lá explicar-me estas questões:
Que farias tu agora se tivesses as acções do PS? Visto que segundo consta estão em queda acentuada. Vendias? A quem? Onde? Achas que a solução OPA com o PSD as fará subir?
Ou o melhor será deposita-las no Banco Privado Português? É que segundo consta vão voltar a pagar aqueles juros que a malta gosta.
Que achas tu? É que sabes...a partir de agora qualquer banco pode achar que o melhor mesmo é vir para Portugal. Como sabes, a malta pagar, paga! Pago eu! Mas quem melhor que tu para me ajudares nesta hora?
Outra coisa que ainda não entendi é:
Porque será que quando um banco se sente mal. Tipo, quando num dia de Sol levam-nos o dinheiro a passear até aqueles paraísos com gajas boas, ondas fantásticas, Haitianas com flores e depois a malta aqui é paga? Bem, lá que as notas depois saltam do multibanco mais felizes, lá isso é verdade! Agora, eu tenho é de pagar a as prestações da casa e o resto é conversa. Olha lá uma coisa, os bancos também vos vão pagar com juros? Ou têm crédito jovem? Será o bonificado? Pagam todos os meses? Em que dia? Têm seguro de vida? É que sabes como isto anda, não vá o diabo leva-los para outro paraísos melhores.
Olha, queiras ou não, a tia também te nomeou no testamento, e olha que eras o menino dos seus olhos e como sabes a ela já não via grande coisa, mas ainda ouve os Professores. Quanto a mim herdei também esta falta de visão da tia. Quanto a ti não sei, mas como pode ser hereditário já sabes...
Mas olha, se tiveres algum problema também oftalmológico já sabes, tens sempre o Miguel Sousa Tavares o rapaz tem sempre soluções para tudo. E claro, também é fumador como tu.
Um abraço deste teu primo.
Alberto.
P.s Não te esqueças dos avisos dos maços de tabaco.

02/12/08

PERFUME

Era um largo de aldeia onde os velhos se sentavam esperando o Sol passar e ainda comentavam os céus. Tanto aqueles que por ali passavam já deitados como os outros ainda passantes, os doentes, moribundos e zarolhos. Diariamente comentavam ainda o carteiro que descia e subia ruas e escadas que batia portas sim porta sim.

Os olhares entre eles falavam e ajuizavam mas todos concordavam que elas as suas companheiras, recebiam havia anos e anos centenas de cartas. E todos voltaram a concordar.
Como homens isso de cartas eram coisa de mulheres. Isso era lá coisa de homens? E todos voltaram a concordar que os mais intrigava de tantas e tantas cartas recebidas era o perfume dos envelopes que invadia casas ruas e jardins. Um dos mais velhos do grupo ainda arriscou:

- Anda aqui algo muito estranho.... a minha mulher anda cada vez mais destrambelhada deve ser desse tal cheiro. Mas ela não sabe ler...

E um outro ainda disse:

- Ler perfume?

E voltaram todos a olhar-se de novo mais uma vez em silêncio.

E voltaram a olhar o silêncio de novo.

Havia um carteiro que descia e subia as ruas mas cada dia mais vergado pelo sorriso. Os silêncios cada vez eram maiores de quem o via passar. Mas os olhares mais carrancudos e claro, o mais velho que mais falara deixara de o fazer.

Que recebiam as cartas, recebiam, que as mulheres andavam meio aluadas andavam, mas que não sabiam ler não sabiam. Em relação a isto estavam todos de acordo. Um deles ainda tentou arriscar e se... e todos voltaram a olhar o chão.

Ainda a manhã era noite quando um um deles decidiu abandonar a casa. Um homem ter uma companheira feliz é estranho. Estava decidido a não voltar até estar esclarecida a questão das mulheres felizes. Mesmo assim os outros voltaram a sentar-se nos silêncios. Agora cada vez maiores.

O mais velho olhou as ruas inspirou o passado e disse:

- As mulheres estão assim tão sonhadoras porque será?

E todos o ignoraram. Mas olhando-os de novo, ainda disse:

Se falássemos com o António? talvez ele nos possa ajudar, a mulher sempre é chefe dos correios.

Voltou o silêncio que só o mais arisco voltou a quebrar dizendo:
- Eu tento!
Passaram-se os dias e o banco continuava em silêncio e c Carteiro continuava carregando as cartas em envelopes perfumados. Mesmos assim no banco chegamvan-lhes os odores e sabiam quando as cartas eram para as suas casas. Passavam dias, semanas, meses e noticias do proposto pelo amigo nada. E ele ali sentado.
O mais velho do banco começou por coçar o queixo, outro a barba, os outros três tossiram em únissono e trocaram olhares. De um momento para o outro viram cair uma lágrima da face do amigo e caiam cada vez mais e mais. Eram lágrimas diferentes. Tinham cores e formas, cheiros e fumo que desciam pelo rosto. O odor dessas lágrimas lembrava-lhes os envelopes. Ainda assim, reunidos em torno daquele amigo soltaram-se os lenços, os abraços. E depois o silêncio de sempre.
Pouco depois evaporaram-se as lágrimas de cores e cheiros, e o fumo desapareceu.
Depois voltou a lacrimejar e lentamente, retirou do bolso pequenos frascos de cores diferentes enchendo-os um a um de lágrimas perfumadas.
Nesse momento começaram a sair de bolsos nunca vistos frascos e pétalas, perfumes e lenços bordados.
Eram os silêncios.

27/10/08

O HISTÓRICO

Hoje quero correr depressa olhar o passado e fugir outra vez.
Deixa-me voltar a ser sereno e não me digas nada, porque sinto-te aqui e agora.
Mas olha, não me magoes tanto assim, só fujo de ti sabes porquê? Porque vieste todo de uma vez. Vai-te embora passado!

17/10/08

CHOCOLATES E AMOR LIVRE

Esta coisa do amor põe-me doido. Anda um homem anos e anos a ser educado para ser cortez, cavalheiro enfim... um homem a sério. (Sim porque lá em casa era assim).
Mas sabem, esta mania de termos só uma mulher, lá que dá que pensar dá.
Ora andava eu nesta triste vida de homem só, quando me caiu, vinda do céu, esta coisa do amor livre. Mas livre de quê? Bem, livre já eu sou e há muito muito tempo. Agora esta do amor livre só mim é que acontece, sim porque um tipo como eu pode estar preparado para tudo nesta vida. Agora mais livre? Mais?
Mas deixem lá, como a ideia até é fascinante e claro, como o amor que tenho, ainda não foi preso por uma louca qualquer. O melhor mesmo, é manter-me neste estado como estou. Vocês não sabem mas queiram ou não, tenho mesmo esta enorme capacidade de amar. Gostem ou não amo mesmo muita gente. A começar por uma Ulrike. Esta dama bateu-me à porta um dia e propôs-me o seguinte:
- Caro Pedro, vou encher-te a casa de amor!
Ora um tipo fica sempre perplexo nestas ocasiões, ainda por cima vinda da Ulrike. E claro disse, que sim. Também quem era o tipo que diria que não à Ulrike? Mas quem é a Ulrike?
Esta encantadora rapariga é somente a representante do amor livre aqui do burgo. Sim vivo neste país sim vivo em Portugal!
Ora andava eu à espera do amor e não é que o sacana não chegava? Mas claro pelo o amor a malta espera sempre. Sempre!
Como já pressentia algum para a troca continuei esperando até que um dia batem-me à porta e pimba! Era o amor! Mas que estranha forma de amor este, primeiro veio de carrinha 4X4, depois em caixas de plástico cor de laranja e dentro destas vinham outras de cartão castanho. Para o transportar vinham ainda pingando olhares de amor, mais duas raparigas. (Cá para mim faziam parte das caixas).
Lá lhes disse aqui em casa era hábito o amor ficar na cozinha, arrumado. Ainda pensei que estranhassem, mas como o amor é um facto muito diferente, sorriam-me de novo.
Arrumado o amor em caixas de plástico, as raparigas foram-se embora. Não sem antes me darem montes de beijos com aroma a chocolates. (O que por sinal é o normal nas pessoas que amam).
Ora um tipo como eu que vive com o amor na cozinha tem sempre tentações que vocês não têm. Andava eu ali de um lado para o outro à volta do amor, quando achei que o melhor mesmo era ir para a cama. E o sacana do amor na cozinha dentro de caixas. Só mesmo a mim!
Ora quando vou para a cama leio sempre o mesmo livro sobre astros "Abrir Astros nos Dias de Hoje. ( que, por sinal, ainda não acabei).
Bem vistas as coisas, esta de dormir com o amor na cozinha não dá! Ainda pensei telefonar para a Ulrike mas era já tarde e podia ainda acordar aquele local. E aí sim, era a revolução neste mundo! Vocês não sabem, mas ela vive num sítio onde só existe amor livre. E acordá-la a esta hora podia ser fatal para os outros seres residentes nas proximidades. Imaginem o que seria se todo aquele amor livre saísse por aí? Provavelmente amanhã já nada seria igual neste mundo.
Ainda voltei para a cozinha e as caixas nada me disseram. Ainda as beijei e nada. Mas que estranho amor este! Estando a manhã a nascer resolvi ligar para o SOS amor e levantar-lhes esta questão: Como desencaixotar o amor sem o perder? Ninguém sabia como resolver esta delicada questão. Ainda chamaram o técnico do amor livre, mas, como era livre de momento não estava.
Trabalhar hoje, não vou! Resolvi então ligar para as tais carregadoras do amor e colocar-lhes o meu problema. Tentei uma vez, outra e mais outra, por fim lá atenderam, pareciam felizes por me ouvirem. Questionei-as com o meu estranho assunto: O amor não me deixa dormir, o que faço? Riram-se e voltaram-se a rir. E responderam-me só isto: Solta-o, ele é livre como tu!

PORTUGAL SEM POBRES É COMO O MAR SEM PEIXES

O Jornal Público de hoje diz-nos que: Portugal é o país europeu que mais reduziu a pobreza.
Pois muito bem, matem-se os restantes 1,8 milhões de pobres desta coisa. E deixemos-nos de lamúrias! Portugal sem pobres é como o mar sem peixes. Nada!!
Quer Portugal agora a diminuição destas taxas de pobreza, mas afinal os pobrezinhos não fazem falta? Não pagam impostos? Não arrumam os carrinhos da malta? Não são a causa das nossas nobres causas?
Ora um país sem pobres não existe como país, nação ou outra coisa qualquer. Imaginemos o que cada um de nós faria sem os seus pobres? A criadagem fugia lá de casa, e os padeiros já se foram há muito, as beatas já não tinham os pobrezinhos nem os aleijados do comércio, os cegos começavam a ver como nós fazemos. E claro, punham-se a milhas. Os pobres gatos deixavam de ter acesso às espinhas das pobres velhas. Os pombos, coitados, morreriam de fome e claro, os padrecos, deambulariam por o céu em busca de alimento. Sim porque sem pobres não há deuses que se aguentem, nem santinhos que voem por aí.
Meus Senhores!
Foram os pobres que descobriram como a nossa riqueza é fantástica.
E agora quer a Europa acabar com estes visionários? Francamente! Ser pobre é óptimo! Cria resistências que mais tarde ou mais cedo lhes serão vitais. Estes seres são mais resistentes às doenças que nós. Sim que nós! Os pobres mesmo sem a nossa lareira e o nosso Cartuxa tinto. Resistem sempre mais, se não vejamos; Sendo a crise um fenómeno do diabo o melhor mesmo é voltar a ser mais católico. Enfim.... perdoai-me Senhor.
Mas Senhor! Ainda aí estás?

14/10/08

OS DUENDES DEPOIS

Deixa o vazio e vem cantar nesta floresta de duendes, não inventes histórias de jornais e tvs. Vês como te ris? Vês? Acredita as coisas mudam movem-se e realizam-se, e afinal, que sabes tu do amor? Deste e dos outros, diz-me porque nada sabes de ti? Deixa-os contar-te histórias de aviões, bolsas e Buches. Trás os sonhos, não percas o tempo. E vem, vem voar nesta dança de novos risos. E ouve as nuvens.
Mas deixa-me falar-te neste fórum da verdade, deixa-me contar-te como aqui a luz o movimento e a claridade se reencontram. Estes sorrisos são meus.
Os duendes vêm depois.