17/10/08

CHOCOLATES E AMOR LIVRE

Esta coisa do amor põe-me doido. Anda um homem anos e anos a ser educado para ser cortez, cavalheiro enfim... um homem a sério. (Sim porque lá em casa era assim).
Mas sabem, esta mania de termos só uma mulher, lá que dá que pensar dá.
Ora andava eu nesta triste vida de homem só, quando me caiu, vinda do céu, esta coisa do amor livre. Mas livre de quê? Bem, livre já eu sou e há muito muito tempo. Agora esta do amor livre só mim é que acontece, sim porque um tipo como eu pode estar preparado para tudo nesta vida. Agora mais livre? Mais?
Mas deixem lá, como a ideia até é fascinante e claro, como o amor que tenho, ainda não foi preso por uma louca qualquer. O melhor mesmo, é manter-me neste estado como estou. Vocês não sabem mas queiram ou não, tenho mesmo esta enorme capacidade de amar. Gostem ou não amo mesmo muita gente. A começar por uma Ulrike. Esta dama bateu-me à porta um dia e propôs-me o seguinte:
- Caro Pedro, vou encher-te a casa de amor!
Ora um tipo fica sempre perplexo nestas ocasiões, ainda por cima vinda da Ulrike. E claro disse, que sim. Também quem era o tipo que diria que não à Ulrike? Mas quem é a Ulrike?
Esta encantadora rapariga é somente a representante do amor livre aqui do burgo. Sim vivo neste país sim vivo em Portugal!
Ora andava eu à espera do amor e não é que o sacana não chegava? Mas claro pelo o amor a malta espera sempre. Sempre!
Como já pressentia algum para a troca continuei esperando até que um dia batem-me à porta e pimba! Era o amor! Mas que estranha forma de amor este, primeiro veio de carrinha 4X4, depois em caixas de plástico cor de laranja e dentro destas vinham outras de cartão castanho. Para o transportar vinham ainda pingando olhares de amor, mais duas raparigas. (Cá para mim faziam parte das caixas).
Lá lhes disse aqui em casa era hábito o amor ficar na cozinha, arrumado. Ainda pensei que estranhassem, mas como o amor é um facto muito diferente, sorriam-me de novo.
Arrumado o amor em caixas de plástico, as raparigas foram-se embora. Não sem antes me darem montes de beijos com aroma a chocolates. (O que por sinal é o normal nas pessoas que amam).
Ora um tipo como eu que vive com o amor na cozinha tem sempre tentações que vocês não têm. Andava eu ali de um lado para o outro à volta do amor, quando achei que o melhor mesmo era ir para a cama. E o sacana do amor na cozinha dentro de caixas. Só mesmo a mim!
Ora quando vou para a cama leio sempre o mesmo livro sobre astros "Abrir Astros nos Dias de Hoje. ( que, por sinal, ainda não acabei).
Bem vistas as coisas, esta de dormir com o amor na cozinha não dá! Ainda pensei telefonar para a Ulrike mas era já tarde e podia ainda acordar aquele local. E aí sim, era a revolução neste mundo! Vocês não sabem, mas ela vive num sítio onde só existe amor livre. E acordá-la a esta hora podia ser fatal para os outros seres residentes nas proximidades. Imaginem o que seria se todo aquele amor livre saísse por aí? Provavelmente amanhã já nada seria igual neste mundo.
Ainda voltei para a cozinha e as caixas nada me disseram. Ainda as beijei e nada. Mas que estranho amor este! Estando a manhã a nascer resolvi ligar para o SOS amor e levantar-lhes esta questão: Como desencaixotar o amor sem o perder? Ninguém sabia como resolver esta delicada questão. Ainda chamaram o técnico do amor livre, mas, como era livre de momento não estava.
Trabalhar hoje, não vou! Resolvi então ligar para as tais carregadoras do amor e colocar-lhes o meu problema. Tentei uma vez, outra e mais outra, por fim lá atenderam, pareciam felizes por me ouvirem. Questionei-as com o meu estranho assunto: O amor não me deixa dormir, o que faço? Riram-se e voltaram-se a rir. E responderam-me só isto: Solta-o, ele é livre como tu!

1 comentário:

Anónimo disse...

A mim também, esta coisa do amor.Anda uma mulher anos e anos a ser educada para ser dedicada, fiel, amorosa, humilde, limpa, asseada, boa cozinheira, boa esposa, super mãe, trabalhadora, sofredora,caladinha e mais sabe-se lá o quê,para depois dar nisto de se ser livre a troco de liberdades inventadas e homens que desaparecem ao mais leve sorriso de uma dama semi abandonada. Sim porque uma dama nunca está totalmente abandonada. Ao contrário de um cavalheiro. Peço desculpa aos cavalheiros. E eles saberão do que falo. Agora a mim parece-me que essa tal coisa do amor livre, quiça, não o será tanto assim. Porque o amor por si só não é uma coisa e ele próprio é tão livre que nem se ousa duvidar. Só mesmo os tolos. Agora essa dos chocolates trazidos pela Ul, docinhos, castanhinhos...parece-me bué de louco!E Mais essa de os ter muito guardadinhos na cozinha!...Parece até uma história surrealista que um doce conhecido meu me relatou há já algum tempo, enfim as histórias repetem-se...de qualquer maneira é bom saber que existem homens sensatos, que o mesmo quer dizer que ainda bem que existem homens que ponderam na sua vida como burros a tentarem comer as tranças da Ranpunzel!Ainda bem! Pois que enquanto assim for ficarão perdidos e atordoados entre o amor livre ás bateladas e o respeito por si próprio.Que mal tem ter-se um só homem ou uma só mulher? Ou estar sózinho rodeado de gente de quem se gosta e que gosta de nós?Que mal há em viver-se de uma outra maneira? O direito a viver de outra maneira existe, caramba! E ainda bem que vivemos em Portugal. Por cá somos mesmo obrigados em viver de outras maneiras!

Este teu texto, Gato das Botas , é mesmo talvez um dos teus melhores. Um grande beijinho
daqui dópédorio!