12/07/08

AS CORES

Guardadas em tubos saíram muito lentamente. Primeiro foi o amarelo. Depois chegou mar. (O Mar chega sempre).
Soltas as telas, formaram-se as velas. Com barcos, marinheiros e ondas enormes. E peixes que moravam nas árvores.
Depois o pintor chamou o vento. E ele veio em forma de enorme vaga. De seguida, colocou a vaga dentro de um frasco onde estavam os restos do céu das vagas e do vento. ( As telas sorriram). Agora sim!
Como era seu hábito o vento era sempre o último. E secou todas as vagas e todo o mar. E as cores secaram. Mandou parar os marinheiros e os marinheiros pararam. E os peixes dependurados nas árvores.
Depois quando voltou a olhar o horizonte da sua janela não viu as vagas. Os marinheiros os peixes ou outra coisa qualquer. O Mar sim.
Depois abriu a porta do atelier e partiu no barco que tinha pintado.

1 comentário:

Anónimo disse...

és um poeta.
Amante do ar e do mar.és escritor. e pintor? Chega sempre o mar para mim e não posso estar sem ele. nele viajo com o meu olhar e com o corpo que o deixo salpicar. dele trago as narinas e o peito cheio de marezia - quase sufoco- e os marinheiros a esses dou-lhes o vento e cheiro da terbentina e do óleo de linhaça e assim misturo as cores e nas cores os cheiros e nos cheiros o mar de todos os meus sentires... até um dia destes. As cores estão sempre dentro de mim e nas ondas de crista branca me deixo ir...pelo mar.