19/06/08

A EXPOSIÇÃO

Percorreu o Alentejo em busca daquele passado a preto e branco. Bateu nos montes brancos ainda habitados, calcorreou ruas desertas de sons.
Alguns dos mais velhos ainda tinham retratos do campo com searas e papoilas, bestas e carretas, feiras bailes e crianças, sorrisos, mercados e matanças.
Não que me tenham contado, mas ainda existiam nesse lugares Montes e searas, os bailes as feiras, os casamentos e as ceifas, as ceifeiras com lenços e homens vestidos preto nas suas montadas. E mulheres engalanadas.
Quando as fotografias eram a preto e branco não havia chaparros castanhos, não havia cal nas paredes. Mas havia o campo habitado as Aldeias e os Montes eram crianças. As escolas tinham mestres e tantas outras coisas.
Mas quando as fotografias eram a preto e branco, o Sol nascia mais cedo a lua não era assim. Redonda. (Dizem.)
Mas nas Aldeias e nos Montes, onde as casas eram de terra pedra e pó.
Ainda existe o mesmo do mesmo, ainda os Montes usam pingalim, ainda os pátios tocam Mozart. Ainda as buganvílias servem a groselha, ainda as criadas chamam por os meninos.
Ainda agora os homens em Junho voltam a tirar a cortiça, ainda hoje as mulheres no verão voltam a caiar os homens de preto.
Mas ainda hoje, os velhos comem a Lua aos domingos.
( Dizem.)

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