17/02/09

FALA

Conta-me porque estás assim,
o que foi? Conta.
Fala , fala.
Digo-te- digo-te que de facto chorei e ainda que senti medo.
Medo desta magnitude desconcertante que se apoderou de mim naquele caminho e digo-te que este sentimento foi enormíssimo e muito maior do que eu.
Falo-te ainda de uma luminosidade e de uma música que me acompanhava naquele caminho daquele Sol e campos. Talvez não o entendas, ou não não possas entender mas foram tantas e tantas as lágrimas vindas de um eu desconhecido, tantas. Mas olha, talvez um desabrochar de sensações desconhecidas e foram tantas.
Olha, conta-me mais, conta-me.
Falo-te da estranha sensação de sentir todos os meus poros a receberem e dar algo vindo de outro qualquer lugar e ainda que sei ser esta a verdade. Digo-te que naquele momento quis abraçar todas, todas as pessoas e seres.
Quem era não sei mas sei que por vezes sinto coisas assim. Foi tão intenso por isso te escrevo e tenho esta necessidade de te exorcizar
Mas olha, volta quando quiseres´vem.

12/02/09

É DO SOL QUE VOS CANTO

Traçaram planos dentro de cada um e olharam-se pela última vez. Ele como era seu hábito partiu ainda alvorada. Aliás como sempre. E foram tantas as partidas e chegadas e tantos os planos. Ele como sempre sonhara com destinos interiores desconhecidos que o chamavam nas noites quentes de verão. Nunca entendi aquela ânsia dos homens. Não sei se é por ser mulher mas talvez seja. Mas que desertam, desertam. Ainda cheguei a andar inquieta durante uns tempos. Mas que eles continuaram a traçar planos, continuam. São como crianças que constroem castelos sem fim nas areias das praias ou como as aranhas que tecem teias onde nos tentam amarrar aos poucos e poucos. Talvez sejamos nós, mulheres, um porto seguro ou um aeroporto onde os pressentimos aterrar ou levantar. Mas mesmo que me magoe gosto de ser porto e aeroporto porque é de mim que saem e é a nós que voltam. E voltam como foram, amando-me porque sei que os amo independentemente desta ânsia. Gosto de os ver nesta calma amaragem e olha-los, cheirá-los, tocá-los, senti-los, comê-los e saber que estes amores são os meu pássaros que voam. Só este amor é livre. E partam eles em noites de luas ou montados nos seus sonhos sei-os eternamente por perto. E cheguem quando chegarem sabem que sou um porto também de outos aviões que chegam e partem. Porque partem os aviões? Primeiro digo-te que eles nunca desertam. Digo-te ainda que mesmo neste céu e nestes voos só vos redescobrimos e nos descobrimos de novo e como sabes as distâncias não são necessariamente fugas. E quando pensamos que o são nunca mas nunca o são. E olha que conheço muitos aviões que passaram por mim e continuam a passar. E voltam aos portos e muitas vezes de onde sairam porque amam e vos amam. Vocês são um planeta. A Terra. E é desta terra que vós canto este amor doce e livre que canta, dança ri e baila como um rio que desagua neste amar tão sereno doce e real que é este céu. E tão verdadeiro como a Terra. Agora dancemos nesta nova onda com estes novos seres e vamos sê-los. E hoje rio de rir e danço porque vos canto. E ao Sol digo. Fica